Helena Barreira
Meu compromisso é contribuir para que cada criança desenvolva todo o seu potencial comunicativo, promovendo autonomia, inclusão e qualidade de vida.
Fonoaudióloga há mais de 18 anos em consultório, atuando com ênfase em avaliação especializada, diagnóstico diferencial nos quadros de Transtornos de Linguagem, Aprendizagem, Processamento Auditivo (Avaliação e Treinamento). Dedico minha prática clínica ao acompanhamento de crianças que apresentam dificuldades na comunicação oral, com foco na intervenção precoce, no desenvolvimento da linguagem e na promoção de habilidades auditivas e motoras essenciais para o aprendizado e a socialização.
Acredito na importância de um atendimento individualizado, lúdico e baseado em evidências científicas, respeitando as necessidades específicas de cada criança e sua família. Busco constantemente aprimorar meus conhecimentos por meio de formações e atualizações, a fim de oferecer um cuidado ético, empático e eficaz.

Minha história:
Nunca imaginei que minha verdadeira vocação profissional surgiria por meio de um susto — um barulho forte, uma porta batendo, e a reação inesperada da minha filha ainda bebê. Naquele momento, tudo mudou.
Minha primeira formação foi na área de Administração e Gestão de Negócios. Trabalhei durante anos no setor administrativo de uma grande empresa, acreditando que aquele era o caminho natural da minha carreira. Mas a vida, como tantas vezes faz, preparava algo muito diferente para mim.
Sou casada e mãe de três filhos maravilhosos. Desde menina, sempre fui apaixonada por crianças. Sonhava em trabalhar com elas, mas as circunstâncias da vida me levaram para outros rumos. Até que a maternidade me reconectou com esse desejo de forma inesperada e profunda.
Quando minha filha nasceu, tudo parecia perfeito. Porém, ao longo do desenvolvimento, comecei a perceber que algo não estava certo. Apesar das opiniões de familiares de que era apenas impressão de mãe, continuei observando. E foi naquele dia, em uma reunião de família, que percebi: ela não reagiu a um som forte. Aquilo acendeu um alerta — “Ela não escuta. Por isso não aprende.”
A partir daí, nossa jornada começou. Uma jornada cheia de incertezas, descobertas, deslocamentos e aprendizados. Naquela época, há mais de 35 anos, não era fácil encontrar apoio especializado. Mas com persistência, fé e amor, encontramos profissionais incríveis e passamos a trilhar um caminho que mudaria para sempre nossas vidas, e que, mais tarde, mudaria também minha profissão e meu propósito de vida.
Depois de muito caminhar, encontramos um excelente otorrinolaringologista. Ela passou por uma cirurgia para colocação de tubos de ventilação, pois além da perda auditiva neurossensorial profunda, apresentava otite média crônica, o que, à época, configurava uma perda mista. A fonoaudióloga que nos acompanhava reconheceu que o caso exigia mais. Com honestidade e ética, nos encaminhou para o Dr. Mauro Spinelli, fisiatra, que foi um verdadeiro anjo em nosso caminho.
Foi ele quem nos indicou a DERDIC – Centro de Reabilitação da PUC-SP. Lá, minha filha encontrou profissionais humanos, competentes, dedicados. E eu encontrei meu propósito.
Enquanto minha filha fazia adaptação dos aparelhos auditivos e sessões de terapia, eu observava tudo. Os atendimentos supervisionados, os resultados, os vínculos criados com as famílias. Aquilo me encantava, me envolvia. Comecei a ir não apenas como mãe, mas como aprendiz silenciosa. A cada sessão, meu desejo de conhecer mais sobre aquela profissão aumentava. Era como se a vida me dissesse: “É aqui que você deveria estar.”


Foi preciso coragem para mudar. Recomeçar. Estudar novamente. Mas quando a motivação vem do amor, o medo perde força. Iniciei a graduação em Fonoaudiologia, muitas vezes estudando à noite, conciliando com a maternidade e os compromissos do dia a dia. Cada disciplina era uma revelação. Cada estágio, uma confirmação de que eu estava no caminho certo.
Me formei. Iniciei minha prática. E ali estava eu, agora do outro lado, atendendo mães que, como eu, carregavam dúvidas, angústias e uma imensa vontade de ajudar seus filhos a se desenvolverem. A cada atendimento, não era apenas a fonoaudióloga que falava — era também a mãe, a mulher que viveu tudo aquilo, que compreendia na pele e no coração.
Hoje, ao olhar para trás, vejo com clareza: minha filha não apenas me tornou mãe. Ela me tornou profissional. Me reconectou com meu sonho de infância, me deu coragem para trilhar um novo caminho e, mais do que tudo, me ensinou sobre empatia, paciência, escuta e amor.
A Fonoaudiologia entrou na minha vida por necessidade, mas permaneceu por paixão. E a cada criança que atendo, a cada família que confia em mim, sinto que estou retribuindo tudo o que recebi.
Essa é a minha história. Não apenas de transição de carreira, mas de transformação de vida.